“PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR”

Iniciando este segundo capítulo deste debate sobre a UNERC (clique aqui para ler o capítulo I), coloco no ar as seguintes questões: A universidade é um patrimônio da sociedade ou da Academia? Ciência é um sistema dinâmico que se reproduz, que se divide, para a própria evolução do conhecimento científico e a socialização do mesmo, ou é um sistema estático? A UFBA, que gerou a UFRB, para benefi

ciar, prioritariamente, as comunidades do recôncavo baiano, foi destruída? Ela deixou de ser uma grande universidade? Pleitear a independência do nosso campus, transformando-o em uma universidade autônoma, para o bem de todos, é ou não um direito de todo o cidadão jequieense? E, se a sede administrativa da UESB estivesse em Jequié, as lideranças de Vitória da Conquista já não teriam transformado o seu campus em uma universidade própria?

Que pena que os estudantes que são contra a criação da UNERC, não reflitam política e historicamente sobre o que fizeram e o que ainda estão fazendo: lutando contra a sua própria independência, sua autonomia. Mas, há perguntas que não querem calar: O Campus de Vitória da Conquista tem o seu restaurante universitário há anos. E os estudantes carentes daqui, também não precisam comer? E como vai a política de residência estudantil em Jequié? Você sabia que lá em Vitória da Conquista tem uma residência estudantil? É possível, lá no campus-sede, encontrar algum prédio de salas de aulas inacabado?

“A LENDA” E OUTRAS QUESTÕES

Quando “A LENDA” de Jequié vai ser concluída? Você sabia que TV-UESB, Rádio-UESB, Quiosques no estilo europeu, setor de audiovisual com ilhas de edição, filmadoras e câmaras fotográficas para registros de trabalhos acadêmicos etc, são benefícios somente disponíveis para a comunidade acadêmica do campus da sede administrativa? Você sabia que, durante a greve, um grupo de alunos acessou o site do Tribunal de Contas do Estado e tomou conhecimento de que as verbas para a pavimentação da área onde se situa o prédio de Odontologia foram liberadas em 2009, mas, até hoje, nada de pavimentação? Onde estão essas verbas? Por que só depois de 34 anos de fundado, o campus de Jequié está sendo pavimentado, e num período que está causando o maior transtorno e sofrimento a todos que por ali transitam? Os estudantes que, no plebiscito realizado por eles mesmos, disseram não à criação da UNERC, sabem realmente o que querem? Você sabia que se essa universidade já tivesse sido implantada, certamente essas demandas já teriam sido atendidas, posto que estaríamos administrando os nossos próprios recursos?

CONQUISTENSES JÁ LUTAM POR UNIVERSIDADE FEDERAL EM SUA CIDADE

Quanto à Universidade Federal do Sudoeste da Bahia, convém que atentem para um problema real: ela não será implantada em Jequié – pelo menos assim eu acredito. Justificativa: Em Vitória da Conquista já existe um campus universitário da UFBA, que foi criado já na perspectiva do mesmo se tornar a Universidade Federal do Sudoeste da Bahia; todas as correntes políticas (de esquerda, direita, ultradireita, centro-esquerda, centro–direita etc), bem como todas as outras lideranças conquistenses, já estão uníssonas em defesa dessa causa, pressionando a presidente Dilma Rousseff para essa grande conquista; o governo federal, em hipótese alguma, deixará de implantar uma universidade em uma cidade que já tem uma infraestrutura adequada para esse fim, para implantá-la em uma cidade que não tem sequer uma saleta como referência; a criação da Universidade Federal do Sudoeste da Bahia está no projeto de contenção de despesas (lei de contingenciamento) do próprio governo, aprovado para este ano. Convém não esquecermos que Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) foi criada a partir do campus de Cruz das Almas (UFBA) e que, em nossa cidade, nenhuma mobilização foi articulada em defesa da federal do sudoeste baiano.

OS CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO

Argumenta-se sobre que critério o MEC avaliará a UNERC (gerada a partir de uma estrutura já consolidada) se ela for criada. E se a Universidade Federal do Sudoeste da Bahia fosse criada em Jequié, a partir do nada, que critério o MEC utilizaria para referenciá-la como uma universidade de fato? Finalizando, conclamo Jequié e região para lutarem em defesa dos seus direitos, do seu progresso científico e desenvolvimento social e econômico. Ciência, tecnologia, educação, cultura, arte etc, são patrimônios acessíveis a todas as comunidades, a todo o indivíduo. Universidade não é propriedade de nenhuma região baiana ou cidade, tampouco de Academia, grupos de cientistas etc. Ela é propriedade de todos aqueles que a sustentam com os seus impostos.

“ÚNICO COMANDO”

Parodiando Brecht, A UESB é ciência, e ela só obedece a um único comando: contribuir com a ciência. E, se por abraçar essa causa, eu exibo a minha vaidade e quero enganar o povo jequieense, então que assim seja.

- * Professor Jorge Barros  – Presidente da Comissão de Mobilização Pró-UNERC